A cesariana , também conhecida como cesárea, é o parto realizado através de cirurgia. A cesárea ainda é a via mais comum de parto no Brasi...
A cesariana, também conhecida
como cesárea, é o parto realizado através de cirurgia. A cesárea ainda é a via
mais comum de parto no Brasil, apesar do parto normal (parto vaginal) ser
considerado pela organização mundial de saúde (OMS) e por diversas entidades
médicas a melhor forma do bebê nascer. Segundo recomendações da OMS, apenas
cerca de 15% dos partos apresentam indicação para a cesariana, devendo os 85%
restantes serem efetuados pela via vaginal.
O nascimento é um processo
fisiológico, no qual o recém-nascido necessita de algumas horas para que ocorra
sua adaptação extrauterina. A estabilização do organismo do bebê está
diretamente relacionada com o padrão respiratório e a manutenção da temperatura
corporal.
Para o RN a termo (idade
gestacional entre 37-41 semanas) a respiração espontânea presente, o tônus
muscular em flexão e a presença de batimentos cardíacos dentro do padrão de
normalidade, independente do aspecto do líquido amniótico, são características
que conotam boa vitalidade. Por isso, é recomendado que ele permanecesse junto
de sua mãe, ininterruptamente, depois do nascimento. O clampeamento e a secção
do cordão umbilical devem ser realizados somente depois de cessadas as
pulsações. Deve ser estimulado o contato pele a pele do RN com sua mãe,
promovendo a amamentação na primeira hora pós-parto.
O médico ou o profissional de
enfermagem capacitado em reanimação neonatal em sala de parto é aquele que, de
acordo com a Portaria nº 371, de 07 de maio de 2014, do Ministério da Saúde realizou,
"treinamento teórico-prático, conforme orientação publicada por expediente
específico, pela Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento
Materno".
O profissional de enfermagem atua
na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em
consonância com os preceitos éticos e legais. Segundo as evidências científicas
e a Sociedade Brasileira de Pediatria, um em cada dez recém-nascidos necessitam
de ventilação com pressão positiva para iniciar e/ou manter movimentos respiratórios
efetivos.
O atendimento ao recém-nascido
consiste na assistência por profissional capacitado, médico (preferencialmente
pediatra ou neonatologista) ou profissional de enfermagem (preferencialmente
enfermeiro obstetra ou neonatal), desde o período imediatamente anterior ao
parto, até que o RN seja encaminhado ao Alojamento Conjunto com sua mãe, ou à
Unidade Neonatal, ou ainda, no caso de nascimento em quarto de pré-parto, parto e
puerpério (PPP) seja mantido junto à sua mãe, sob supervisão da própria equipe
profissional responsável pelo PPP (Parecer Técnico nº 04/2016 Coren - PR).
Cabe ao Enfermeiro, preferencialmente
Obstétrico, ser o responsável pela recepção do RN na sala de parto e na sala de
cesárea, desde que capacitado, e aos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem cabem
as atividades de apoio para contribuir com a qualidade e segurança do atendimento.
Ao Auxiliar de Enfermagem especificamente, cabem as ações relacionadas ao
conforto e higiene.
Para que a assistência de enfermagem na sala de
parto seja prestada da melhor maneira possível e com qualidade, o enfermeiro
deve estar atento a alguns conceitos relacionados ao RN.
CLASSIFICAÇÃO
QUANTO À IDADE GESTACIONAL
Pré-termos: idade gestacional inferior a
37semanas.
- Prematuridade extrema: menor que 28
semanas de gestação. Os bebês encontram-se no limite de viabilidade e
necessitam de cuidados sofisticados e intensivos.
- Prematuridade grave: 28 a 30 semanas de
gestação. Apresentam algumas vantagens fisiológicas, entretanto exigem a mesma
qualidade na assistência.
- Prematuridade moderada: 31 a 33 semanas de
gestação.
- Prematuridade quase-termo: 34 a 36
semanas.
A termo: idade gestacional entre 37 e 41
semanas e 6 dias.
Pós-termo: idade gestacional igual ou maior
que 42 semanas.
CLASSIFICAÇÃO
QUANTO AO PESO E IDADE GESTACIONAL
Quando associamos o peso à idade gestacional, o RN
é classificado segundo o seu crescimento intra-uterino em:
- RN grande para a idade gestacional (GIG): peso
acima do percentil 90.
- RN adequado para a idade gestacional (AIG): peso
entre o percentil 10 e 90.
- RN Pequeno para a Idade Gestacional (PIG): peso
abaixo do percentil 10.
Recém-Nascido de Baixo Peso
É considerado recém-nascido de baixo peso, todo
aquele que nasce com peso inferior a 2.500g. Neste critério estão incluídos
tanto os prematuros quanto os RN a termo com crescimento intrauterino restrito.
AVALIAÇÃO DO
APGAR
O índice de Apgar, largamente utilizado para
mensurar a vitalidade do recém-nascido, varia de 0 a 10 e avalia cinco sintomas
objetivos:
Frequência cardíaca
Ausente: 0.
<
100/min: 1.
>
100/min: 2.
Respiração
Ausente: 0.
Fraca/irregular: 1.
Forte/choro: 2.
Irritabilidade reflexa
Ausente: 0.
Algum movimento: 1.
Espirros/choro: 2.
Tônus muscular
Flácido: 0.
Flexão de pernas e braços: 1.
Movimento ativo/boa flexão: 2.
Cor
Cianótico/pálido: 0.
Cianose de extremidades: 1.
Rosado: 2.
A importância do índice de Apgar como indicador de
risco para a morbimortalidade neonatal tem sido ratificada em várias pesquisas
recentes.
ASSISTÊNCIA
AO RN COM BOA VITALIDADE
- Proceder ao clampeamento do cordão umbilical após cessadas suas pulsações (aproximadamente 1 a 3 minutos), exceto nos casos de mães isoimunizadas ou HIV /HTLV positivas. Nesses casos o clampeamento deve ser imediato.
- Manter o RN sobre o abdome e/ou tórax materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo que o posicionamento da criança permita movimentos respiratórios efetivos. O contato pele a pele imediatamente após o nascimento, em temperatura ambiente de 26°C, reduz o risco de hipotermia em RNs a termo com respiração espontânea e que não necessitam de ventilação, desde que cobertos com campos pré–aquecidos.
- Identificar o RN com pulseira contendo o nome da mãe, número de prontuário, data de nascimento, sexo e hora.
- Realizar o aleitamento precoce para promoção do contato mãe-bebê imediato após o parto, evitando intervenções desnecessárias que interferem nessa interação nas primeiras horas de vida. Deve ser estimulado o contato pele a pele e o aleitamento materno na primeira hora de vida, exceto em casos de mães HIV ou HTLV positivos.
- Coletar o sangue do cordão umbilical para exames laboratoriais.
- Realizar a laqueadura do cordão umbilical, fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%. Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico para possibilidade de cateterização umbilical.
- Aspirar boca e narinas, caso seja necessário.
- Realizar exame físico simplificado.
- Realizar o “Credé” para prevenção da oftalmia gonocócica. A profilaxia deve ser realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo, uso do PVPI 2,5% colírio.
- Administrar vitamina K para prevenção do sangramento, 1mg de vitamina K por via intramuscular ao nascimento.
- Administração da vacina contra Hepatite B. A administração desta faz parte do calendário vacinal mínimo obrigatório e inicia o esquema de imunização do indivíduo contra a Hepatite B. Tem como objetivo proteger o recém-nascido contra o vírus da Hepatite B.
- Realizar antropometria, incluindo peso, comprimento e o perímetro cefálico.
ATENDIMENTO
AO RECÉM-NASCIDO PREMATURO MENOR QUE 34 SEMANAS NA SALA DE
PARTO
- FC <100bpm e/ou respiração espontânea ausente ou irregular, iniciar a ventilação com pressão positiva (VPP).
- Manter a temperatura corporal entre 36,5 e 37,0ºC, mantendo temperatura ambiente de 26ºC.
- Monitorizar a oxigenação, através da saturação (Sat) de O2.
- Manter a permeabilidade das vias aéreas, aspirar boca e nariz, caso seja necessário.
- FC >100 bpm, com respiração rítmica e regular, sem desconforto respiratório, e Sat O2 >70%, cuidados de rotina da sala de parto.
- FC >100 bpm, com respiração espontânea rítmica e regular, mas apresenta desconforto respiratório ou Sat O2 <70%, está indicada a aplicação da pressão positiva contínua de vias aéreas (CPAP).
Fontes consultadas:
- COREN PR. Recepção e cuidados com o recém-nascido
realizados pelo Enfermeiro no parto vaginal e parto cesárea. Disponível em: http://www.corenpr.gov.br/portal/images/pareceres/PARTEC_16-004-Recepcao_e_cuidados_com_o_recem-nascido_realizados_pelo_Enfermeiro_no_parto_vaginal_e_parto_cesarea.pdf.
APGAR
V. A proposal for a new method of evaluation of the newborn infant. Curr
Res Anesth Analg 1953; 32:260-7. - BORNIA, R. G.; COSTA JUNIOR, I. B. da; AMIM
JUNIOR, J.Parto Pretermo. In: BORNIA, R. G.; COSTA JUNIOR, I. B. da; AMIM
JUNIOR, J. (Org.). Protocolos assistenciais: Maternidade Escola: Universidade
Federal do Rio de Janeiro : anestesiologia, neonatologia, obstetrícia. Rio de
Janeiro: POD, 2013. cap.64. p.275-280
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes para a
organização da atenção integral e humanizada ao recém nascido no Sistema Único
de Saúde. Portaria n° 371 de 7 maio de 2014. Disponível em:
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=50&data=08/05/2014.