A aplicação intramuscular (IM) trata-se de um procedimento frequentemente realizado na prática de enfermagem, e envolve uma série de ...
A aplicação intramuscular (IM) trata-se de um procedimento frequentemente realizado na prática de enfermagem, e envolve uma série de decisões complexas relacionadas ao volume a ser injetada, medicação a ser usada, técnica de administração, seleção do local e dispositivo.
Consiste na introdução de líquido dentro da massa muscular. Para minimizar os efeitos colaterais ocasionalmente encontrados o profissional deverá avaliar rigorosamente a alguns aspectos antes de selecionar o local da aplicação.
- Distância em relação a vasos e nervos importantes;
- Musculatura desenvolvida para absorver o medicamento;
- Espessura do tecido adiposo;
- Idade do paciente;
- Irritabilidade do paciente;
- Atividade do paciente;
- Evitar tecido cicatricial ou endurecido.
As injeções IM podem ser bastante dolorosas ou desconfortáveis porque penetram profundamente nas camadas musculares, que são bastante inervadas por fibras sensitivas.
É essencial, além do conhecimento do procedimento técnico, também compreender as ações da medicação para administrá-la de forma a incrementar seu efeito terapêutico e evitar ou minimizar seus efeitos colaterais.
A aplicação intramuscular deve ser indicada quando:
- Necessita-se de medicações de ação rápida porém não imediata.
- Para a administração de substâncias irritantes (aplicadas sempre profundamente no músculo);
- Introdução de substâncias de difícil absorção, como metais pesados, medicamentos oleosos e demais substâncias consideradas consistentes;
- Aplicação de baixo volume de soluções (volume igual ou inferior a 4 ml);
O volume Maximo a ser aplicado deve ser avaliado de acordo com a massa muscular do paciente.
Região deltóidea (4 cm abaixo do acrômio):até 2 ml
Região dorsoglutea (quadrante superior lateral): até 4 ml
Região ventroglutea (Hochstter): até 4 ml
Região anterolateral da coxa (vastolateral): até 4 ml
- A agulha deve ser sempre introduzida em posição perpendicular à pele, ou seja em um ângulo de 90°.
- O bisel da agulha deve ser posicionado de forma lateral, minimizando as agressões as fibras musculares minimizando a dor durante o procedimento e as complicações.
- As aplicações nunca devem ser realizadas com o paciente em pé, pois caso o paciente apresente complicações durante aplicação, pode cair.
- Pode ser aplicado soluções aquosas, oleosas e suspensões.
Os locais de aplicação intramuscular são:
Região deltóidea (músculo deltóide)
A delimitação deverá ser feita marcando quatro dedos abaixo do final do ombro e no ponto médio no sentido da largura(ao nível da axila), 3,5 a 4 cm acima da margem inferior do deltóide. O paciente deve permanecer deitado ou sentado com o braço ao longo do corpo ou com o antebraço flexionado em posição anatômica, com exposição do braço e ombro;
Varias são as desvantagens deste local, a grande sensibilidade e a pequena quantidade de liquido injetado são umas delas.
O uso desta região esta caindo em desuso devido ao grande numero de complicações apresentadas. Podemos dizer que é a ultima escolha em relação ao local para aplicação. Sendo indicada apenas para administração de vacinas.
Região dorso glútea (músculo glúteo Maximo)
A área é estabelecida traçando-se um eixo imaginário horizontal com origem na saliência mais proeminente da região sacra, e outro eixo vertical, originando na tuberosidade isquiática, cuja linha de conexão fica paralela ao trajeto do nervo ciático. A injeção é aplicada no quadrante látero-superior externo.
O correto posicionamento deste local nos deixa seguros quanto a evitar lesões no nervo ciático.
Posicionar o paciente em decúbito ventral, com a cabeça voltada para o aplicador (para melhor observação de desconforto ou dor durante a aplicação),os braços ao longo do corpo e os pés virados para dentro. Os pés virados para dentro evita que a pessoa contraia a musculatura.
Crianças deverão estar deitadas firmemente no colo de uma pessoa adulta, em decúbito ventral.
É contra indicada em:
- Crianças menores que dois anos;
- Crianças maiores que dois anos com reduzido desenvolvimento muscular;
- Pessoas com atrofia dos músculos da região;
- Idosos com flacidez e atrofia senil;
- Pessoas com insuficiência e complicações vasculares dos MMII.
Região ventroglútea (músculo glúteo médio e mínimo)
Também conhecida como rochstter, é a mais utilizada em países desenvolvidos. É a região mais indicada por estar livre de estruturas anatômicas importantes como vasos sanguíneos ou nervos significativos. O posicionamento dos feixes musculares previne o deslizamento do medicamento em direção ao nervo ciático.
Esta região é assinada colocando a mão esquerda no quadril direito do paciente e vice-versa; aplica-se a injeção no centro do triângulo formado pelos dedos indicador e médio quando o primeiro é colocado na espinha ilíaca antero-superior e o segundo na crista ilíaca.
Esta é uma região indicada para qualquer faixa etária, especialmente crianças, idosos, indivíduos magros ou emaciados. O paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, lateral, ventral ou sentado.
A desvantagem deste local é a visualização do local de aplicação pelo paciente, e a apreensão deste e dos profissionais de saúde pelo pouco uso deste local, sendo que estes muitas vezes sentem-se inseguros quando a esta técnica;
Região face ântero-lateral da coxa (músculo vasto lateral)
Local seguro por ser livre de vasos sanguíneos ou nervos importantes nas proximidades. Os grandes vasos e nervos percorrem a região póstero-medial dos membros inferiores.
Apresenta grande massa muscular, sendo uma extensa área de aplicação,podendo receber injeções repetidas; Proporciona melhor controle de pessoas agitadas ou crianças chorosas e é de fácil acesso, tanto para o profissional, como para o próprio paciente que dela poderá utilizar-se sozinho.
O local é identificado dividindo-se a área entre o joelho e o grande trocanter em terços; a injeção é aplicada na face lateral do terço médio. Determina-se o local respeitando a distância de 12 cm abaixo do trocanter maior e 9 e 12 cm acima do joelho. A aplicação é feita entre a linha média lateral e a linha média anterior da coxa.
Complicações Durante e após Aplicação
- A equipe de enfermagem deve assegurar que o procedimento seja realizado da forma mais segura possível para minimizar as complicações.
- A maioria das complicações são encontradas nos músculos deltóide, glúteo máximo e vasto lateral.
- A região vento glútea oferece menor risco de complicação devido ao fato de ser livre de vasos sanguíneos e nervos importantes e a menor estrutura dos tecido subcutâneo quando comparado aos outros músculos.
- Lesão dos nervos radial, ulnar, escapular ou axilar;
- Lesão tissular de ramos do feixe vasculonervoso ( artérias e veias circunflexas, ventral e dorsal...) Paralisia dos músculos do membro superior;
- Lesão da artéria umeral;
- Lesão do nervo circunflexo com provocação do chamado sinal de Anger (parestesia da parte posterior do deltoide);
- Atrofia do deltoide;
- Abcessos;
- Infeções inespecíficas;
- Gangrena por lesão de vasos sanguíneos;
- Ulceração ou necrose tecidual por administração de medicamentos contra indicados para esta via;
- Reações orgânicas por intolerância a solução injetada;
- Tétano e/ou hepatite, em decorrência da contaminação do material durante o manuseio;
- Inflamações provocadas por medicamentos irritantes aplicados em grande volume;
- Nódulos e fibroses por aplicações repetidas no mesmo local.
Normalmente resultantes de:
- Má delimitação do músculo
- Uso de técnica não asséptica
- Excesso de volume administrado
- Administração de solução irritante
Técnica em Z ou Trilha em Z
Técnica ideal para evitar o refluxo do medicamento para a camada subcutânea, evitando o aparecimento de nódulos doloridos por reação inflamatória, principalmente no caso de aplicações feitas com soluções oleosas (como Perlutan) e à base de ferro como Noripurum, este podendo deixar manchas escuras na pele.
Pode ser usada em qualquer um dos locais descritos previamente sendo, entretanto, mais utilizada na região glútea.
Segurar a pele esticada durante a aplicação com o dedo indicador para que após a retirada da agulha a inserção inicial mude de lugar evitando extravasamentos e melhor distribuição da medicação.
Material Necessário
- Ampola ou frasco-ampola com medicamento;
- Recipiente provido de tampa com bolas de algodão secas;
- Almotolia com álcool a 70%;
- Seringa de 3 ml, 5 ml ou 10ml;
- Agulha para aspiração (calibre 40x12);
- Agulha para aplicação com calibre 25x7, 25x8, 30x7 ou 30x8;
- Cuba-rim para lixo.
Técnica de Aplicação
- Lavar as mãos
- Com o material previamente preparado, colocar a bandeja sobre a mesa de
cabeceira;
- Orientar o paciente sobre o que será feito, preparando-o psicologicamente
- Escolher local de aplicação.
- Posicionar o paciente e forma confortável e segura.
- Fazer anti-sepsia
- Segurando a bola de algodão entre os dedos da mão esquerda (mão não dominante), retirar o protetor da agulha;
- Com os dedos indicador e polegar da mão esquerda, esticar a pele afastando o tecido subcutâneo ou fazer uma prega mais profunda
- Introduzir toda a agulha em angulo de 90 graus de uma só vez
- Soltar o músculo e puxar o embolo;
- Se houver retorno de sangue, retirar a seringa, comprimir o local e realizar nova punção;
- Após injetar lentamente a solução, retirar a agulha
- Observar reações no paciente antes e depois da aplicação;
- Levar todo o material a sala de serviço e desprezar agulha e seringa
sem desconcertar ou reencapar a agulha, em recipiente próprio para material perfuro cortante;
- Limpar e desinfetar a bandeja, deixando, o ambiente em ordem;
- Checar no prontuário o medicamento administrado e anotar possíveis reações observadas.