A atuação do Enfermeiro na Hemodinâmica enquanto líder e assistente direto no cuidar

Com o intuito de promoverem uma intervenção menos invasiva aos pacientes frente ao crescimento das doenças cardiovasculares e neurológ...

Com o intuito de promoverem uma intervenção menos invasiva aos pacientes frente ao crescimento das doenças cardiovasculares e neurológicas, as áreas da neurologia, cardíaca e angiologia, dispõe de um ramo da medicina em expansão: a hemodinâmica. Setor este, que estão surgindo em várias instituições no país, Vieira et al (2009).

Ao definir hemodinâmica, palavra originaria do grego haima (sangue) e dynamis (força), significando, portanto, o estudo dos movimentos do sangue e das forças que o impulsionam, Nicolletti (2011). Logo, hemodinâmica intervém no que interrompe o movimento do sangue: infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, aneurisma aórtico, trombose venosas periférica. 

Embora os procedimentos sejam apresentados como minimamente invasivos por utilizarem-se das artérias, os mesmos são considerados de alta complexidade, no qual exige-se enfermeiros dinâmicos, com tomada de decisão rápida, competentes frente ao desafio em promover a liderança adequada e a assistência direta aos pacientes. Pois, segundo Vieira et al (2009), considerando-se as diferentes funções que são desenvolvi-das em um serviço de hemodinâmica e angiografia, exige-se do enfermeiro hemodinamicista versatilidade para o desempenho de suas funções. A vista de qualquer intercorrência, a qualquer momento do atendimento, a presença do enfermeiro é indispensável. Dentre as funções desenvolvidas, algumas exigem tomadas de decisão rápida e precisa. Espera-se que esse profissional seja um líder, com capacidade gerencial de re-cursos humanos e materiais, além de conhecimento técnico-cientifico e  humanização.

Diante do desafio apresentado ao enfermeiro hemodinamicista iniciou um levantamento bibliográfico das funções inerentes a este profissional nas competências que lhe são cabíveis, como líder e assistente direto no cuidar, a fim de qualifica-lo para esta área em expansão no mercado profissional: a hemodinâmica intervencionista.

Busca-se através desta temática instigar futuras indagações a fim de somar estudos nesta área ainda nova para o enfermeiro e que apresenta oportunidades de qualificação baseada em conhecimento e habilidades competentes para o profissional egresso, pois, segundo Linch et al (2209), “o enfermeiro deve desenvolver estudos nesta área para evoluir continuamente seus conhecimentos e suas habilidades em vista aos constantes avanços científicos adaptações e implementações de novas tecnologias, o que tem contribuído para a complexidade dos processos de trabalho neste setor de saúde.”

2. METODOLOGIA

Diante do proposto, optou-se por uma revisão de literatura descritiva quantitativa acerca do tema: os desafios do enfermeiro na hemodinâmica enquanto líder e assistente direto no cuidar. 

Realizou-se busca das publicações anexadas na seguinte base de dados: Biblioteca Virtual de Saúde. Foram utilizados como descritores: enfermagem, hemodinâmica, assistência e gestão.

Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: trabalhos publicados em português, em formato de artigos, manuscritos e monografias com resumo disponível na base de dados. Como critérios de exclusão foram utilizados trabalhos em inglês e as-suntos não pertinentes à temática escolhida.

O período de publicação não foi utilizado como critério, devido à escassez de trabalhos para a temática. Dos doze artigos selecionados, pós leitura, apenas nove foram compatíveis com o problema em questão. Dos nove, apenas um é uma monografia (2011), outro um manuscrito (2012) e os demais artigos, publicados entre 1991-2014; to-dos realizados por enfermeiros. 

A coleta de dados iniciou-se em fevereiro de 2017 e encerrou-se em maio do mesmo ano; realizado revisão em fevereiro de 2019.

Dos artigos selecionados temos: 03 pesquisas de caráter exploratório descritivo, 01 relatos de experiência, 03 revisões bibliográficas integrativas, 01 estudo transversal e 01 estudo de caráter exploratório com abordagem quantitativa.

Realizou-se a leitura do material, em seguida efetuou-se fichamentos através de uma leitura mais detalhada e seletiva, chegando a análise dos resultados.

Em conformidade face as temáticas apresentadas pelo material foram divididas a análise em três vertentes: a importância do conhecimento cientifico na área da hemodinâmica para melhor atuação profissional (cinco trabalhos entre 2009-2014); a importância da atuação efetiva do enfermeiro na assistência direta na unidade de hemodinâmica (dois trabalhos um em 1991 e o outro em 2012); o perfil adequado para melhor atuação do enfermeiro enquanto líder (dois trabalhos em 2010 e outro em 2014).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

a. A importância do conhecimento cientifico na área da hemodinâmica para melhor atuação profissional

Corroborando com Nicolleti (2011), a partir das análises realizadas verificou-se a importância do saber da enfermagem em unidades hemodinâmicas, no entanto esse profissional precisa estar em constante formação e capacitação, pois, a atuação do enfermeiro em unidade de hemodinâmica exige conhecimento complexo, desde tarefas simples até as que exijam uma formação técnico cientifica adequada e específica, costa et al (2014).

Portanto, faz-se essencial a constante atualização do enfermeiro devido a área da hemodinâmica estar em grau de expansão, pois, as dificuldades de troca de informações ou a pouca abordagem sobre o assunto hemodinâmica e angiografia na graduação, leva os iniciantes ao despreparo para compreender e liderar esse serviço de alta complexi-dade, Vieira et al (2009).

Embora possa haver escassez de pesquisa referente a temática, é possível corroborar com Linch et al (2009) ao sugerir que, “o desenvolvimento de estudos relacionados a esta temática devam ser incentivados, aprofundados e divulgados, para que contribuam com o desenvolvimento de outras pesquisas, ou ainda que auxiliem a atuação e a tomada de decisão dos enfermeiros em Unidades de Hemodinâmica.”

Outrossim, que a graduação acompanhe a evolução, pois segundo Turrini (2010), “é urgente a necessidade de intervenção na metodologia de ensino para favorecer a articulação entre os conteúdos programáticos e, assim a possibilidade do aluno acumular maior número de créditos em disciplinas optativas”. A diversificação dessas disciplinas para contemplar as demandas de mercado, poderá ampliar a oportunidade do aluno em participar mais ativamente na construção do conhecimento para sua prática pro-fissional de acordo com suas afinidades, dentro das unidades de hemodinâmica. Ainda citando Turrini, “a maior integração com o enfermeiro de campo e novas possibilidades de campos de estágio poderiam aumentar o contato do aluno com as novas de-mandas do cuidar”.

Conhecendo cientificamente e adequando-se ao mercado de trabalho, o enfermeiro só acrescentara conhecimento e habilidades competentes tanto para a área intervencionista quanto para quaisquer outras temáticas que envolvam desafios de liderança e assistência.

b. A importância da atuação efetiva do enfermeiro na assistência direta na unidade de hemodinâmica

Após análise do material, ouso corroborar com   Gonçalves et al (1991)  que recomenda: “maior atuação do enfermeiro no cuidado direto do paciente, uma vez que, em decorrência dos procedimentos invasivos ele fica exposto a uma série de riscos”, atuando diretamente perante o pré,  durante e pós- procedimentos, atentando-se para uma provável parada cardiorrespiratória, edema agudo de pulmão, embolia, acidente vascular cerebral,  exercendo as competências que lhe são cabíveis nas retiradas dos introdutores e compressão arterial,  baseado em conhecimentos técnicos científicos adequados a complexidade destas intervenções, tendo a equipe de técnicos em Enfermagem como suportes nesta assistência. Comprometendo o enfermeiro assistencial com o cuidado ao paciente em sua totalidade, abrangendo desde a orientação no pré exame até a alta no pós exame, Gonçalves et al, (1991). 

Corroborando com Cielo (2012) que diz: “deve estar atento às necessidades dos pacientes que se submetem a realização de um exame invasivo, no qual o coração e seus principais vasos sãos atingidos”. Enfermeiro em sala de procedimentos devem estar atentos ao perfil eletrocardiográfico do paciente, a quantidade do contraste in-fundido, ao padrão respiratório, por meio de uma avaliação e intervenção que vise manter o paciente mais confiante frente ao procedimento, promovendo seu bem-estar, Cielo, (2012). Em solo hemodinâmico o enfermeiro assume como ator fundamental, ficando os demais membros da equipe, atuando como colaboradores mediante suporte frente ao desempenho das competências e habilidades do enfermeiro.

          

c. O perfil adequado para melhor atuação do enfermeiro enquanto líder

Após análise de conteúdo, é possível apontar competências e habilidades para o enfermeiro segundo Linch et al (2010) que diz: ”enfermeiros altamente capacitados e treinados para que gerenciem da melhor forma possível seu processo de trabalho e para que desenvolvam as suas competências e as dos demais membros da equipe”, atentando-se para a gestão da equipe composta por hemodinamicistas, técnicos de Enfermagem, técnicos em raio x, residentes da Medicina, representantes dos materiais, treinamento adequado para os mesmos; administração e compra dos materiais e manu-tenção dos equipamentos de alto custo hospitalar.

 Agregamos Klem (2014), no qual qualifica “ dinamismo, atenção à saúde e liderança são primordiais no dia a dia de trabalho, pois envolve o compromisso que possuem com os processos de trabalho, manuseio de materiais, atendimento aos pacientes e com os colegas de trabalho”.

Haverá qualidade na atuação do enfermeiro enquanto líder, ao somar conhecimento e assistência, a fim de formar equipes motivadas para agregarem qualidade total nas atribuições pertinentes às Unidades de Hemodinâmica.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos estudos, foi possível concluir que as Unidades de Hemodinâmica trazem para enfermeiros que não estejam habilitados com conhecimento cientifico sobre a intervenção hemodinâmica, um desafio na atuação, não adentrando, portanto, a se adequar na totalidade de enfermeiro enquanto líder e assistente direto no cuidar, sugerindo-se uma reavaliação curricular na área acadêmica, para que o avanço tecnológico se faça pertinente aos estudos que farão deste enfermeiro assistente e gestor.

Sendo assim, que esta pesquisa possa instigar novos estudos para que discussões sobre o tema traga novos conhecimentos e oportunidades de pesquisa para profissionais egressos, haja visto a limitação dos artigos sobre a temática apresentada.

REFERÊNCIAS 

CIELO, Cibele. O Cotidiano do profissional enfermeiro em um laboratório de hemo-dinâmica: relato de uma experiência. In: Eventos, Centro Universitário Franciscano; 2012, Santa Maria.

COSTA, Girlene Ribeiro da. et al. Atuação do enfermeiro no serviço de hemodinâmica: uma revisão integrativa. Revista Interdisciplinar, Piauí, v.7, n.3, pg. 157-164, jul. ago. set., 2014.

GONÇALVES, Júlia das Dores de Matos. et al. As atividades assistenciais do enfermei-ro em unidade de hemodinâmica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v.4, n. 1, pg. 48-54, mar., 1991.

KLEM, Priscila. Perfil do Profissional de enfermagem em unidades de hemodinâmica frente aos desafios da gestão de qualidade total. Congresso Nacional de Excelência em Gestão. UFF, 2014, Rio de Janeiro.

LINCH, Graciele Fernanda da Costa, et al. Enfermeiros de unidades de hemodinâmica do Rio Grande do Sul: perfil e satisfação profissional. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 19, n. 3, pg. 488-495, Jul-Set, 2010.

LINCH, Graciele Fernanda da Costa, et al. Unidades de hemodinâmica: a produção do conhecimento. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 30, n. 3, pg. 742-749, dez., 2009.

NICOLLETI, Graciela. O saber/fazer do profissional enfermeiro em unidade de he-modinâmica. O fazer do enfermeiro em unidade de hemodinâmica. Rio Grande do Sul: UNIJUI, 2011, cap.3.1, pg. 7-12, 2011.

TURRINI, Ruth Natalia Teresa. Unidades de radiologia intervencionista/ hemodinâmi-ca: caracterização do enfermeiro e da estrutura da unidade. Revista Eletrônica de En-fermagem, São Paulo, v. 12, n. 2, pg. 315-320, 2010.

VIEIRA, Luiz Carlos, et al. Dificuldades e Necessidades da Equipe de Enfermagem em Serviços de Hemodinâmica e Angiografia. Arq. Ciência Saúde, São José do Rio Preto, v.16, n. 1, pg. 21-25, jan-mar., 2009.

Contribuiu com este Artigo:

Sheila Adriana Silva da Collina

Casada, 46 anos, mãe de três lindas Marias.

Formação profissional: graduanda em Enfermagem, cursando 6° semestre.

Atuação profissional: Dezoito anos como auxiliar/técnico de Enfermagem. Atualmente trabalho no setor da Hemodinâmica, há cinco anos,  no Hospital Regional do Vale do Paraíba em Taubaté/SP.

Linkedin https://www.linkedin.com/in/sheila-c-176a28134



Marilda de Carvalho Arantes

Orientadora e Professora da Faculdade Anhanguera de Taubaté