Como é bom divulgar informações para qualificar a assistência! A ANVISA divulgou as Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Ass...
Como é bom divulgar informações para qualificar a assistência!
A ANVISA divulgou as Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência
à Saúde, 2017. E estaremos abordando as principais recomendações para Cateteres
Periféricos.
Higiene das
mãos
Higienizar as mãos antes e após a inserção de
cateteres e para qualquer tipo de manipulação dos dispositivos.
a) Higienizar as mãos com água e sabonete líquido
quando estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos
corporais.
b) Usar preparação alcoólica para as mãos (60 a
80%) quando as mesmas não estiverem visivelmente sujas.
c) O uso de luvas não substitui a necessidade de
higiene das mãos.
Seleção do
cateter e sítio de inserção
Selecionar o cateter periférico com base no
objetivo pretendido, na duração da terapia, na viscosidade do fluido, nos
componentes do fluido e nas condições de acesso venoso.
Não usar cateteres periféricos para infusão
contínua de produtos vesicantes, para nutrição parenteral com mais de 10% de
dextrose ou outros aditivos que resultem em osmolaridade final acima de 900
mOsm/L, ou para qualquer solução com osmolaridade acima de 900 mOsm/L24-26.
Para atender à necessidade da terapia intravenosa
devem ser selecionados cateteres de menor calibre e comprimento de cânula:
a) Cateteres com menor calibre causam menos flebite
mecânica (irritação da parede da veia pela cânula) e menor obstrução do fluxo
sanguíneo dentro do vaso. Um bom fluxo sanguíneo, por sua vez, ajuda na distribuição
dos medicamentos administrados e reduz o risco de flebite química (irritação da
parede da veia por produtos químicos).
Agulha de aço só (scalp / butterfly) deve ser
utilizada para coleta de amostra sanguínea e administração de medicamento em
dose única, sem manter o dispositivo no sítio.
Em adultos, as veias de escolha para canulação
periférica são as das superfícies dorsal e ventral dos antebraços. As veias de
membros inferiores não devem ser utilizadas a menos que seja absolutamente
necessário, em virtude do risco de embolias e tromboflebites.
Para pacientes pediátricos, selecione o vaso com
maior probabilidade de duração de toda a terapia prescrita, considerando as
veias da mão, do antebraço e braço (região abaixo da axila), evite a área
anticubital.
Para crianças menores de 03 (três anos) também
podem ser consideradas as veias da cabeça. Caso a criança não caminhe,
considere as veias do pé. Considerar a preferência do paciente para a seleção
do membro para inserção do cateter, incluindo a recomendação de utilizar sítios
no membro não dominante. Evitar região de flexão, membros comprometidos por
lesões como feridas abertas, infecções nas extremidades, veias já comprometidas
(infiltração, flebite, necrose), áreas com infiltração e/ou extravasamento
prévios, áreas com outros procedimentos planejados.
Preparo da
pele
Um novo cateter periférico deve ser utilizado a
cada tentativa de punção no mesmo paciente.
Em caso de sujidade visível no local da futura
punção, removê-la com água e sabão antes da aplicação do antisséptico. O sítio
de inserção do cateter intravascular não deverá ser tocado após a aplicação do
antisséptico (técnica do no touch). Em situações onde se previr necessidade de
palpação do sítio calçar luvas estéreis.
Realizar fricção da pele com solução a base de
álcool: gliconato de clorexidina > 0,5%, iodopovidona – PVP-I alcoólico 10%
ou álcool 70%.
a) Tempo de aplicação da clorexidina é de 30 segundos
enquanto o do PVPI é de 1,5 a 2,0 minutos. Indica-se que a aplicação da
clorexidina deva ser realizada por meio de movimentos de vai e vem e do PVPI
com movimentos circulares (dentro para fora).
b) Aguarde a secagem espontânea do antisséptico antes
de proceder à punção.
A remoção dos pelos, quando necessária, deverá ser
realizada com tricotomizador elétrico ou tesouras. Não utilize laminas de
barbear, pois essas aumentam o risco de infecção.
Limitar no máximo a duas tentativas de punção
periférica por profissional e, no máximo, quatro no total.
a) Múltiplas tentativas de punções causam dor,
atrasam o início do tratamento, comprometem o vaso, aumentam custos e os riscos
de complicações.
Estabilização
Significa preservar a integridade do acesso,
prevenir o deslocamento do dispositivo e sua perda.
A estabilização dos cateteres não deve interferir
na avaliação e monitoramento do sítio de inserção ou dificultar/impedir a
infusão da terapia.
A estabilização do cateter deve ser realizada
utilizando técnica asséptica.
Não utilize fitas adesivas e suturas para estabilizar
cateteres periféricos.
a) É importante ressaltar que fitas adesivas não
estéreis (esparadrapo comum e fitas do tipo microporosa não estéreis, como
micropore) não devem ser utilizadas para estabilização ou coberturas de
cateteres.
b) Rolos de fitas adesivas não estéreis podem ser
facilmente contaminados com microorganismos patogênicos.
c) Suturas estão associadas a acidentes
percutâneos, favorecem a formação de biofilme e aumentam o risco de IPCS.
Considerar dois
tipos de estabilização dos cateteres periféricos: um cateter com mecanismo
de estabilização integrado combinado com um curativo de poliuretano com bordas
reforçadas ou um cateter periférico tradicional combinado a um dispositivo
adesivo específico para estabilização.
Coberturas
Os propósitos das coberturas são os de proteger o
sítio de punção e minimizar a possibilidade de infecção, por meio da interface
entre a superfície do cateter e a pele, e de fixar o dispositivo no local e
prevenir a movimentação do dispositivo com dano ao vaso. Qualquer cobertura
para cateter periférico deve ser estéril, podendo ser semioclusiva (gaze e fita
adesiva estéril) ou membrana transparente semipermeável.
a) Utilizar gaze e fita adesiva estéril apenas
quando a previsão de acesso for menor que 48h. Caso a necessidade de manter o
cateter seja maior que 48h não utilizar a gaze para cobertura devido ao risco
de perda do acesso durante sua troca.
A cobertura não deve ser trocada em intervalos
pré-estabelecidos. A cobertura deve ser trocada imediatamente se houver
suspeita de contaminação e sempre quando úmida, solta, suja ou com a
integridade comprometida. Manter técnica asséptica durante a troca.
Proteger o sítio de inserção e conexões com
plástico durante o banho.
Flushing e manutenção do cateter
periférico
Realizar o flushing
e aspiração para verificar o retorno de sangue antes de cada infusão para
garantir o funcionamento do cateter e prevenir complicações.
Realizar o flushing
antes de cada administração para prevenir a mistura de medicamentos
incompatíveis.
Utilizar frascos de dose única ou seringas
preenchidas comercialmente disponíveis para a prática de flushing e lock do cateter.
a) Seringas preenchidas podem reduzir o risco de
ICSRC e otimizar o tempo da equipe assistencial.
b) Não utilizar soluções em grandes volumes (como,
por exemplo, bags e frascos de soro) como fonte para obter soluções para flushing.
Utilizar solução de cloreto de sódio 0,9% isenta de
conservantes para flushing e lock dos
cateteres periféricos.
a) Usar o volume mínimo equivalente a duas vezes o
lúmen interno do cateter mais a extensão para flushing. Volumes maiores (como 5 ml para periféricos e 10 ml para
cateteres centrais) podem reduzir depósitos de fibrina, drogas precipitadas e
outros debris do lúmen. No entanto, alguns fatores devem ser considerados na
escolha do volume, como tipo e tamanho do cateter, idade do paciente, restrição
hídrica e tipo de terapia infusional. Infusões de hemoderivados, nutrição
parenteral, contrastes e outras soluções viscosas podem requerer volumes
maiores.
b) Não utilizar água estéril para realização do
flushing e lock dos cateteres.
Avaliar a permeabilidade e funcionalidade do
cateter utilizando seringas de diâmetro de 10 ml para gerar baixa pressão no
lúmen do cateter e registrar qualquer tipo de resistência.
a) Não forçar o flushing
utilizando qualquer tamanho de seringa. Em caso de resistência, avaliar
possíveis fatores (como, por exemplo, clamps fechados ou extensores e linhas de
infusão dobrados).
b) Não utilizar seringas preenchidas para diluição
de medicamentos.
Utilizar a técnica da pressão positiva para
minimizar o retorno de sangue para o lúmen do cateter.
a) O refluxo de sangue que ocorre durante a
desconexão da seringa é reduzido com a sequência flushing, fechar o clamp e desconectar a seringa. Solicitar
orientações do fabricante de acordo com o tipo de conector valvulado utilizado.
b) Considerar o uso da técnica do flushing pulsátil (push pause). Estudos
in vitro demonstraram que a técnica do flushing com breves pausas, por gerar
fluxo turbilhonado, pode ser mais efetivo na remoção de depósitos sólidos (fibrina,
drogas precipitadas) quando comparado a técnica de flushing contínuo, que gera fluxo laminar.
Realizar o flushing e lock de cateteres periféricos
imediatamente após cada uso.
Cuidados com
o sítio de inserção
Avaliar o sítio de inserção do cateter periférico e
áreas adjacentes quanto à presença de rubor, edema e drenagem de secreções por
inspeção visual e palpação sobre o curativo intacto e valorizar as queixas do
paciente em relação a qualquer sinal de desconforto, como dor e parestesia. A
frequência ideal de avaliação do sítio de inserção é a cada quatro horas
ou conforme a criticidade do paciente.
a) Pacientes de qualquer idade em terapia
intensiva, sedados ou com déficit cognitivo: avaliar a cada 1 – 2 horas.
b) Pacientes pediátricos: avaliar no mínimo
duas vezes por turno.
c) Pacientes em unidades de internação:
avaliar uma vez por turno.
Remoção do
cateter
A avaliação de necessidade de permanência do
cateter deve ser diária.
Remover o cateter periférico tão logo não haja
medicamentos endovenosos prescritos e caso o mesmo não tenha sido utilizado nas
últimas 24 horas.
O cateter periférico instalado em situação de
emergência com comprometimento da técnica asséptica deve ser trocado tão logo
quanto possível.
Remover o cateter periférico na suspeita de
contaminação, complicações ou mau funcionamento.
Tempo de
troca do cateter periférico
Rotineiramente o cateter periférico não deve ser trocado em um período inferior a 96 h. A
decisão de estender a frequência de troca para prazos superiores ou quando
clinicamente indicado dependerá da adesão da instituição às boas práticas
recomendadas nesse documento, tais como: avaliação rotineira e frequente das
condições do paciente, sítio de inserção, integridade da pele e do vaso,
duração e tipo de terapia prescrita, local de atendimento, integridade e
permeabilidade do dispositivo, integridade da cobertura estéril e estabilização
estéril.
Para pacientes neonatais e pediátricos, não trocar
o cateter rotineiramente. Porém, é imprescindível que os serviços garantam as
boas práticas recomendadas neste documento, tais como: avaliação rotineira e
frequente das condições do paciente, sítio de inserção, integridade da pele e
do vaso, duração e tipo de terapia prescrita, local de atendimento, integridade
e permeabilidade do dispositivo, integridade da cobertura estéril e
estabilização estéril.
Fonte: ANVISA, Medidas de Prevenção de InfecçãoRelacionada à Assistência à Saúde, 2ª Edição - 2017. (PAGINA 02: É permitida a
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